Tenho 34 anos e sou de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Cresci muito perto da natureza, passando cerca de dois meses, todo verão, na fazenda da minha família com os meus primos. À época, confesso que não era muito fã da vibe rural, mas hoje percebo o quanto fui sortudo em poder viver esses momentos: solto na mata, andando a cavalo, tomando banho de cachoeira e, claro, correndo atrás das galinhas.
Um contexto de contrastes – campo e cidade; clássico e urbano – tem grande influência sobre meu estilo. No meu guarda-roupa, mocassins, tênis New Balance e loafers convivem em harmonia desde que eu era pequeno, assim como polos, camisetas e outras peças atemporais.
Sempre tive um lado artístico bem aflorado. Nas férias na fazenda, adorava construir barquinhos de madeira, pintar móveis e ajudar nos projetos e na decoração das festas juninas. Meus pais, Lívia e Sebastião, perceberam essa veia criativa desde cedo e, aos 7 anos, me matricularam em aulas de pintura clássica (óleo sobre tela). Ali, comecei a apurar o olhar e não parei mais.
A arquitetura, que cursei no Mackenzie, em São Paulo, foi o caminho que encontrei para me expressar por meio da arte. Após me formar, morei em Barcelona, na Espanha, onde a arte e a história se tornaram ainda mais fascinantes para mim. Foi lá que desenvolvi um interesse pelo garimpo e pelos antiquários, algo que acabou se tornando uma parte importante da minha assinatura criativa.
Quando voltei para o Brasil, passei por alguns escritórios de arquitetura interessantes, mas, aos 24 anos, resolvi ter o meu próprio espaço. No mesmo ano, assinei meu primeiro projeto na Casacor São Paulo e, lembro bem, fui o profissional mais jovem da edição – saudades de ser o mais jovem em algo!
O que mais me diverte na hora de montar minhas composições “fashion” é incorporar essas peças de um jeito que não fique datado ou caricato. Um plot twist sempre ajuda a dar um toque divertido: uma barra de calça desfiada, um casaco oversized ou um ponto de cor no boné. Gosto de fazer, com a moda, o mesmo que faço com meus projetos de decoração: um mix de “raw and refined” (bruto e refinado).
Enquanto escrevo tudo isso, percebo que meu “garimpo” na moda começou muito mais cedo do que eu imaginava. Tenho um irmão mais velho, o Eduardo, e sempre fui um grande fã dele. Quando ele saía para as festinhas, eu, discretamente, invadia o armário dele. Lembro bem como era: eu lá, experimentando as jaquetas, os tênis, me sentindo o próprio ícone de estilo. Era uma diversão sem fim, uma verdadeira pesquisa de tendências “na fonte”.
A arte pode se manifestar de várias formas. Eu a encontrei na arquitetura, na decoração, na moda… e continuo buscando outras maneiras de me expressar por meio dela. Arrisco dizer que estou sempre em busca de novas ferramentas criativas, disposto a testar diferentes frentes que vão além do universo do design de interiores. Afinal, tem uma frase do Ralph Lauren que eu adoro: “Create what you want to live.” E é isso que busco – criar, viver e transformar tudo ao meu redor em arte.