Uma atuação de Leonardo DiCaprio é sempre intensa — é algo radical: Howard Hughes enlouquecendo, Jordan Belfort se degradando, Hugh Glass sobrevivendo contra todas as expectativas. Para os espectadores, é extraordinário de se ver.

Seu mais novo filme, “Uma batalha atrás da outra” (com estreia no Brasil dia 25 de setembro), não é exceção. DiCaprio desaparece no personagem de Bob Ferguson, um revolucionário decadente e pai de uma adolescente, Willa, interpretada por Chase Infiniti em seu primeiro papel no cinema. Ao lado deles estão Teyana Taylor como a mãe ausente, Benicio Del Toro como o aliado e Sean Penn como o vilão.
“Uma batalha atrás da outra” é um filme grandioso — um filme de ação com perseguições de carro, um enredo de espionagem com um agente clandestino bêbado e chapado e um thriller político com ecos dos nossos interessantes tempos. Mas, em sua essência, o filme é uma história sobre pai e filha e o que significa estar presente para as pessoas que você ama. Também é muito engraçado.
O roteirista e diretor é Paul Thomas Anderson, cujos filmes — como “Boogie nights”, “Magnólia” e “Sangue negro” — são retratos operísticos da fragilidade humana. São filmes viscerais e muitas vezes perturbadores. Também podem ser hilários, e são sempre extremamente envolventes.
“Uma batalha atrás da outra” é seu primeiro filme com DiCaprio. Ambos raramente dão entrevistas, e suas vidas e trabalhos são objetos de uma curiosidade e especulação sem fim. Neste verão, eles tiveram duas conversas: uma na cozinha de Leo, outra por telefone. Gravaram os diálogos e entregaram as transcrições à “Esquire”, que editou e condensou o material. (Anderson também fotografou DiCaprio para nós em Los Angeles.) Demos a eles algumas sugestões de temas, que eles às vezes seguiram, outras vezes nem tanto. Mas o resultado é um raro vislumbre das mentes de dois dos homens mais ousados e originais de Hollywood.

Paul Thomas Anderson: Algum arrependimento?
Leonardo DiCaprio: Vou dizer mesmo com você aqui: meu maior arrependimento é não ter feito “Boogie nights”. Foi um filme profundo da minha geração. Não consigo imaginar ninguém além do Mark [Wahlberg] no papel. Quando finalmente vi aquele filme, só pensei que era uma obra-prima. É irônico que você esteja fazendo essa pergunta, mas é verdade.
PTA: Por que demorou tanto para nós fazermos algo juntos?
LDC: Eu sei que “Uma batalha atrás da outra” esteve na sua mesa por muito tempo. Era uma história pessoal para você de várias maneiras e certamente relevante para o mundo em que vivemos agora. Mas, no fim das contas, a vontade de fazer esse filme foi bem simples: eu queria trabalhar com você — Paul — há uns 20 anos, e adorei essa ideia do revolucionário decadente tentando apagar o passado, desaparecer e levar algum tipo de vida normal criando sua filha.
PTA: É um personagem legal, alguém que começa querendo mudar o mundo pela extrema esquerda, mas vai ficando cada vez mais rabugento e fechado com o tempo.
LDC: E vive em constante paranoia. Foi divertido criar um personagem que é, de forma estranha, um híbrido de crenças e partidos políticos — e certamente não é o “Pai do Ano”.
PTA: Ninguém pode escapar do inevitável, que, para ele, é ser pai e ter outra geração surgindo. Então, o inevitável é a meia-idade. O inevitável é a complacência. O inevitável é olhar para a próxima geração com desdém simplesmente porque eles não estão fazendo as coisas como você acha que deveriam, o que é apenas um código para “Eles não estão fazendo como nós fizemos”. E então o que vem a seguir é ser rabugento, não importa o quão liberal e eufórico você tenha sido na juventude. Quando você se depara com as batalhas cotidianas e mundanas da vida, elas simplesmente te desgastam.
LDC: Principalmente se você estiver vivendo em segredo. Quais são as suas opções? Você vai ficar sentado aí, usando microdoses, fumando maconha, assistindo a filmes antigos e revolucionários e sem celular, certo? O que também se tornou outro grande tema do filme.
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PTA: Vou te fazer uma pergunta, e você vai responder o mais rápido possível. Se você não soubesse quantos anos você tem, quantos anos você tem agora?
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Essa matéria foi previamente publicada pela Esquire US.
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