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3 perguntas para Mariana Schmidt

Desde que fundou o MNMA, em 2016, Mariana Schmidt desafia o poder do vazio em suas criações. Com o projeto da loja de cerâmica e café Dois Trópicos, em São Paulo, ganhou prêmios no Paris Design Awards e segue estendendo sua identidade de rusticidade à cidade. No restaurante Atlântico 212 e no salão de beleza Studio Lorena, ambos também na capital paulista, você entende o que a arquiteta quer dizer com “silêncio ativo”.

 

Mariana Schmidt

 

Na sua arquitetura, o que é inegociável?

A arquitetura é sempre percebida através do vazio. O que construímos é o limite do vazio, é o princípio que transforma materialidade em lugar. Esse hiato não é mera ausência: é presença estruturante. Ele organiza fluxos, regula emoções, abre espaço para o inesperado. Buscamos projetar esse “silêncio ativo”. Sem esse equilíbrio entre matéria e ausência, a arquitetura deixa de ser lugar e se torna apenas forma. Existe, sim, um processo de depuração, mas não no sentido de reduzir por reduzir. A síntese vem quando o essencial se torna evidente. A linguagem nasce desse encontro entre o que o lugar pede e o que o material permite. O resultado não é um objetivo, é uma consequência inevitável.

O que você considera essencial para criar uma arquitetura que não envelhece mal?

A arquitetura deve ser construída com a lógica da permanência. No nosso trabalho, a materialidade não adorna nem dramatiza, ela é consequência do contexto. Todo material tem seus próprios limites e potências. Trabalhar no limiar do que ele pode oferecer, sem violentá-lo, é um campo fértil para avançar a técnica e aprofundar o pensamento. Talvez o que resista ao tempo não seja o gesto evidente, mas a precisão silenciosa entre o que se vê e o que se entende.

O que difere arquitetura e cenografia, na sua opinião?

A cenografia trabalha com a construção de imagens e signos: ela representa, simula, sugere. A arquitetura constrói. E definitivamente não pode ser apenas visual: precisa ser habitável, transpor tempos. Arquitetura é mais do que forma, é atmosfera, é memória incorporada. A cenografia pode emocionar. A arquitetura precisa sustentar.