Leonardo Aversa não é mágico, mas já fez Lulu Santos flutuar sobre o espelho da Lagoa Rodrigo de Freitas, extraiu um sorriso escancarado de Chico Buarque, tirou Ney Matogrosso para dançar, plantou uma flor azul em torno de Arnaldo Antunes e transformou Ana Carolina numa sereia. Seu poder, na verdade, está atrás das lentes. Fotógrafo especializado em personalidades (da música, em particular), influenciado por gigantes como Richard Avedon e Annie Leibovitz, ele acaba de lançar “Álbum” (Afluente), livro retrospectiva dos seus quase 40 anos de atividade, boa parte deles passados no jornal “O Globo” (onde mantém uma coluna de crônicas).
Qual é a arte de fotografar artistas? Você tem algum processo antes de encontrá-los? Pesquisa antes sobre eles, quando possível? Ou improvisa, na hora?A grande arte é a conexão, a sintonia. Tento conversar antes, para descontrair. Sou fã de música, me mantenho informado, é muito raro não saber do artista. De qualquer maneira, tento não ir com ideias prontas. As surpresas e o improviso são sempre bem vindos.
Como é fotografar um artista tímido, como Paulinho da Viola, por exemplo? Como capturar sua essência, sem abafar sua natureza?
Ao longo dos anos fiz várias sessões de fotos com ele. Como todo tímido, no começo é um pouco difícil, mas quando o artista percebe que há respeito e honestidade, a sessão flui. Acabamos amigos.
O que fez Adriana Calcanhoto parar no mar para a imagem da capa?
Foi uma surpresa, a onda que submergiu o violão não estava nos nossos planos. No entanto, ela foi genial: ao sentir a água, não saiu do lugar, ficou na pose. Se tivesse saído, teria perdido não só o instrumento, mas também a foto.
Como é ser – e sobreviver como – fotógrafo profissional num mundo em que quase todas as pessoas têm uma câmera no bolso?
A tecnologia da foto ficou mais democrática, todos têm um celular com uma excelente câmera no bolso. Só que olhar, cada um tem o seu. É o que nos difere. Posso comprar um violão exclusivo ou um piano caríssimo, mas isso não vai me transformar no Tom Jobim ou no João Gilberto.