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Raul Juste Lores: “O Futuro Refeitório quer ser tombado em cinco anos; nada pode ser tombado nesse período”

Jornalista foi o convidado do terceiro episódio do Esquire Podcast

Raul Juste Lores foi o convidado do terceiro episódio do Esquire Podcast. Autor do livro “São Paulo Nas Alturas” e também criador do termo “faria limer, o jornalista falou na ocasião sobre influências dos famosos modernistas brasileiros nas faculdades e o impacto no mercado imobiliário. Outros assuntos como história da arquitetura e urbanismo brasileiros também foram abordados.

Desenvolvimento de São Paulo

Raul enxerga evolução nas cidades da América Latina e aproveita a oportunidade para comparar com São Paulo.

“Obras feitas em Buenos Aires nos últimos 10 anos são muito superiores ao que a prefeitura e o mercado imobiliário de São Paulo produzem. Não tem nenhuma grande construtora ou gestão municipal que tenha feito algo do nível da gestão do Macri, por exemplo, lá em Buenos Aires. Então, temos que ter essa consciência. Até comparado aos nossos vizinhos, perdemos um monte”, opina.

 

(Esquire Brasil)

 

 

Ícones perdidos

Sobre as mudanças das cidades e locais ícones serem perdidos – algo como uma pinheirzação dos Jardins, em São Paulo, o jornalista também diz que há um “oportunismo político em alta”.

“A arquitetura e urbanismo já foram, faz tempo, contaminadas pelo vírus da polarização política mais babaca e ignorante. Por exemplo: é como aquele liberal fake, que era super a favor de livre comércio, livre movimento, e que, por um milagre, começa a defender Donald Trump”, começa Raul. “Ou aquela pessoa super estatista, intervencionista, contra gentrificação. Mas quando o Lula decidiu demolir o Mané Garrincha, o Maracanã, o Mineirão e vários estádios para a Copa, se calaram numa boa – e olha que milhares de pessoas foram despejadas para abrir espaço para as arenas da Copa e nenhum urbanista tiktoker apareceu para defender. Então, antes de mais nada é importante ter princípios. E no caso da arquitetura e urbanismo isso foi para as calendas há muito tempo”, compara.

O Futuro Refeitório é um ancestral restaurante de cinco anos e quer ser tombado. Nada pode ser tombado em cinco anos. Os países sérios e maduros têm uma data mínima para pedir tombamento. Os Estados Unidos são quase 50 anos em quase todos os estados. Em boa parte da Europa, nenhum imóvel com menos de 30 anos é tombado. Em São Paulo, o Memorial da América Latina foi tombado com sete aninhos de idade. Aqui a grife é mais importante do que o uso. Você não pode, no tapetão, querer tombar um imóvel para continuar no local. Segurança jurídica é um dos grandes dramas nacionais. As pessoas não investem no Brasil porque acham que daqui a seis meses tudo vai mudar”, complementa.

 

(Esquire Brasil)

 

Mudanças

Raul, se você pudesse convencer o prefeito de São Paulo a fazer uma grande mudança de urbanismo na cidade, o que iria sugerir? “Há 50 grandes coisas, mas eu começaria pela cisão que existe entre o Centro e a Zona Leste. A Zona Leste é a região mais populosa de São Paulo e sob muitos aspectos, é uma das mais carentes. São 4,5 milhões de habitantes. E o Centro, aquela região Praça da Sé, 25 de Março, é muito esvaziado, ninguém mora ali. Há um grande vazio populacional numa cidade onde as pessoas perdem três horas no transporte público.”

 

Esse episódio foi publicado em homenagem ao jornalista Eduardo Simões. A entrevista foi um dos seus últimos projetos em vida, como editor-chefe da Esquire Brasil. A publicação foi autorizada pela família. Você pode conferir o vídeo completo no YouTube da Esquire Brasil