O ex-piloto de Fórmula 1, pela Red Bull Racing e pela Jaguar, com um total de nove vitórias, o australiano Mark Webber falou de sua experiência com o WEC, o Campeonato Mundial de Endurance da FIA. Confira entrevista exclusiva:
Esquire Brasil: Mark, você veio de uma cidadezinha australiana chamada Queanbeyan. Você teve uma carreira incrível e chegou ao topo do automobilismo. Em que momento você sentiu que realmente tinha vencido?
Mark Webber: Eu passei muito tempo em uma fazenda pequena, e tive sorte de poder andar de moto desde cedo. Meu pai tinha uma loja de motos, então isso me influenciou bastante. Eu sempre gostei de esportes, joguei muitos quando era menino. Minha irmã era excelente em esportes, o que criava uma competição em casa. Acabei me apaixonando pela velocidade. A fazenda foi um tipo de escapismo para mim. Lá aprendi disciplina e independência muito cedo. Quando me mudei para a Europa, aos 17 anos, e comecei a ter sucesso enfrentando os melhores pilotos, percebi que estava no caminho certo.
EB: E qual foi o maior risco que você correu na carreira e do qual você não se arrepende?
MW: Sem dúvida, deixar a Austrália. Seria muito mais confortável ficar, mas eu acreditei na minha jornada. Muitos diziam que não seria possível ter sucesso na Europa, que era muito distante e caro. Mas eu via tudo como uma oportunidade, mesmo com os desafios financeiros. Se eu conseguisse, seria uma grande vitória. E eu consegui.
EB: O que você mais aprecia na nova fase do automobilismo, como o WEC – Campeonato Mundial de Endurance da FIA – e a F1 atual? E o que sente mais falta dos seus tempos de piloto?
MW: Antigamente, havia mais imprevisibilidade. Os carros quebravam mais, eram testados no limite mesmo durante as corridas. Hoje, com tanta simulação e tecnologia, tudo é extremamente preciso. A confiabilidade é enorme, o que é essencial, especialmente em corridas como Le Mans. Claro, ainda é um grande desafio. Você ainda precisa acelerar ao máximo e estar em perfeita sintonia com o carro.
EB: Com os pilotos sendo formados desde muito jovens em simuladores, cercados por dados e patrocinadores, ainda há espaço para o talento bruto e a garra superarem o sistema?
MW: Sim, ainda existe. A digitalização tomou conta de tudo, inclusive na preparação dos pilotos. Mas quando você veste o macacão, põe o capacete e entra no carro, está sozinho. O desafio é o mesmo desde os anos 1970. A conexão entre piloto e máquina ainda é essencial — como um instrumento musical.
EB: Falando sobre o WEC, você conquistou o título há dez anos. Quais são suas memórias mais marcantes? Esse título foi uma realização pessoal?
MW: Sem dúvida. Foi uma conquista de equipe. Meus dois companheiros se tornaram como irmãos para mim. Não nos conhecíamos bem no começo, mas criamos uma conexão incrível. Começamos o campeonato com dificuldades, quase ganhamos Le Mans e depois vencemos várias provas. Foi uma bela jornada com a Porsche, e eu, como o mais velho da equipe, tive o papel de guiar os mais jovens.
EB: O que você pensa sobre o apoio da Rolex às corridas de longa duração e ao automobilismo em geral?
MW: A Rolex está envolvida no automobilismo há mais de 90 anos. Eles valorizam a precisão, confiabilidade e excelência, assim como o esporte exige. Ganhar uma corrida e receber um Rolex é um momento marcante na carreira de qualquer piloto. É um presente com valor sentimental enorme — um símbolo de conquista que fica com você para sempre.
EB: Dizem que alguns pilotos preferem ganhar o Rolex do que o troféu. Isso é verdade?
MW: É totalmente verdade. Mesmo depois que parei de correr, amigos me mandam fotos do Rolex na segunda-feira após a corrida, não do troféu. É algo muito especial. Isso mostra o quanto a Rolex está enraizada na história do automobilismo e no coração dos pilotos.